COMENTÁRIOS DAS QUESTÕES Nº 35 A 42 - PROVA PARA
MAGISTRATURA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA.
Aplicada em 27 de abril de 2003.
Comentários à prova de Penal e Processo Penal
35ª Questão:
Assinale a alternativa correta:
a. No concurso de agentes, só ocorre a co-autoria, quando todos
realizam a mesma conduta típica.
b. Na mesma hipótese, há participação, e não co-autoria,
quando os agentes realizam atos de execução distintos.
c. Há autoria, e não participação, na conduta de quem, para
cometer o crime, utiliza-se de terceiro inimputável.
d. É co-autor, e não partícipe, o idealizador, sem outra
participação no crime.
e. Nenhuma das alternativas acima está correta.
Concurso de Agentes As teorias existentes sobre a autoria do fato
delituoso são: a) teoria restritiva: só é autor quem realiza a
figura típica. b) teoria extensiva: é autor qualquer um, que de
alguma maneira, contribuir para a produção do resultado. c) teoria
do domínio do fato: autor é quem tem o controle final do fato,
dominando-o, podendo decidir sobre a sua prática, interrupção e
circunstâncias. Esta teoria não exclui a teoria restritiva, mas sim
lhe serve como complemento. Só é aplicável aos crimes dolosos
(materiais, formais ou de mera conduta). Nos culposos, não há
distinção entre autor e partícipe, nestes crimes, é autor todo
aquele deixar de observar o cuidado objetivo necessário e assim
produzir com sua conduta o fato típico.
A teoria do domínio do fato abrange: 1 - autoria propriamente
dita (autoria direta individual e imediata): o agente realiza
materialmente o crime, agindo sozinho, não havendo indutor,
instigador ou auxiliar. Todo o domínio da conduta lhe pertence. 2 -
autoria intelectual: o sujeito é o mentor do crime. Mesmo sem
efetuar a conduta típica, o domínio do fato lhe pertence
(planejamento e o modo de execução). É o caso do chefe da quadrilha
que planeja, instrui, orienta e determina a conduta dos comparsas. O
art. 62, I do CP, diz: A pena será ainda agravada em relação ao
agente que: I – promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige
a atividade dos demais agentes”. 3 - autoria mediata: o agente
utiliza-se de outrem para executar o crime, tendo o domínio da
vontade do executor. O terceiro não é considerado partícipe. O crime
é atribuído ao autor mediato. Exemplo: crime cometido por gerente do
banco que se vê, mediante grave ameaça à sua família, em poder dos
bandidos, obriga! do a retirar dinheiro do cofre do banco. 4 -
co-autoria (reunião de autorias): aqui a conduta é parcelada. É como
se fosse uma grande fábrica, com a divisão das tarefas, cabendo a
cada agente o domínio da realização do fato. O crime é resultante da
vontade e da ação de todos os agentes. Será considerado co-autor,
mesmo aquele que realizar apenas parte da descrição do fato típico,
ou aquele cuja conduta isolada não for considerada típica, bastando
que esteja abarcada pela vontade comum de cometimento do fato, de
modo que a ausência da conduta resultaria na frustração do delito. É
a solidarização do crime.
Alternativa A Tem-se então que para que o agente seja co-autor do
delito não se faz necessário que tenha realizado a conduta descrita
pelo tipo penal. O agente pode apenas ter fornecido o segredo do
alarme para que os comparsas adentrassem na propriedade, mas nem por
isso essa sua conduta não deixará de ser tão relevante quanto os que
cometeram o ato de furtar. Por isso incorretas as alternativas a e
b.
Alternativa C A autoria mediata não é caso de concurso de
agentes, o mandante que age de forma decisiva sobre a vontade do
executor é considerado o único autor do delito sem que se possa
falar sequer em participação do agente executor do delito. Correta a
alternativa c.
Alternativa E. Se a pessoa teve a idéia e nada mais fez para a
realização do crime, não responderá como co-autor e sim como
partícipe. Se tivesse idealizado, planejado e orientado na forma de
execução, tendo o controle sobre a ação criminosa, seria co-autor.
Incorreta a alternativa E.
36ª Questão:
Assinale a alternativa correta:
a. Em se tratando de crime tentado, a pena de prestação
pecuniária, substitutiva da privativa de liberdade, pode ser
estabelecida aquém do mínimo legal, ante a aplicação do redutor
referente à tentativa.
b. A pena de prestação pecuniária consiste no pagamento, ao Fundo
Penitenciário, da quantia fixada na sentença.
c. A pena de multa, cominada, no tipo penal, isolada ou
cumulativamente, se não adimplida, injustificadamente, pode ser
convertida em prisão.
d. A pena de multa pode ser alterada em face de circunstância
agravante ou atenuante. e. Nenhuma das alternativas está
correta.
Comentários: Pena de prestação pecuniária A pena de prestação
pecuniária consiste no pagamento à vítima, seus dependentes ou a
entidade pública ou privada com destinação social, de importância
fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a
360 salários mínimos. Essa definição já deixa incorreta a
alternativa b.
A causa de diminuição de pena pelo crime tentado (art. 14,
parágrafo único) já foi utilizada na terceira fase da dosimetria da
pena para a fixação da pena privativa de liberdade em quantitativo
inferior aos limites legais (1/3 a 1/6). Como a pena de prestação
pecuniária, espécie de pena restritiva, é substitutiva da pena
privativa de liberdade e esta substituição e posterior à fixação da
pena privativa de liberdade é impossível haver uma segunda
diminuição. Incorreta a alternativa b.
Pena de multa A pena de multa, ao contrário da pena de prestação
pecuniária, consiste no pagamento de determinada quantia destinada
ao Fundo Penitenciário, considerando-se a culpabilidade do condenado
e a sua situação econômica. Pode a pena de multa ser cominada,
isolada ou cumulativamente à pena de prisão.
A partir da Lei 9.628/96 a execução da pena de multa, segundo o
STJ, passou a ser da Fazenda Pública. Não é mais possível a
conversibilidade da pena de multa em prisão, em caso da falta de
pagamento. Tornou-se inaplicável o art. 689 do CPP que dispunha
sobre a conversão da pena de multa. Incorreta a alternativa c.
A pena de multa corresponde a uma sanção de natureza patrimonial
que não está relacionada ao valor do dano causado. Deve atender ao
mínimo de 10 e, no máximo, de 360 dias-multa. O valor do dia-multa
será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do
valor do maior salário mínimo mensal vigente à época do fato, nem
superior a cinco vezes esse salário. O juiz deve considerar na
determinação do valor da multa, principalmente, a situação econômica
do réu, o que pode justificar o aumento do valor máximo até o
triplo. São dois os momentos de aplicação da pena de multa: 1º - a
fixação do número de dias-multa, atendendo-se ao critério trifásico
do art. 68 do CP (gravidade do delito, circunstâncias judiciais, as
circunstâncias legais e as causas de aumento ou de diminuição da
pena). 2º - a atribuição do valor de cada de dia-multa
considerando-se a capacidade econômica do sentenciado. As
circunstâncias agravantes e atenuantes podem interferir, portanto,
na quantidade ! de dias-multa. Uma vez fixada a pena de multa
(fixação do número de dias-multa e atribuição do valor de cada
dia-multa) a pena de multa não poderá ser alterada em face de
circunstância agravante ou atenuante. Incorreta a alternativa d.
Nenhuma das alternativas está correta.
37ª Questão:
Assinale a alternativa correta:
a. A pena de reclusão, não superior a 4 (quatro) anos, aplicada
ao réu não reincidente, não cria direito subjetivo ao regime
aberto.
b. A pena de detenção, sendo o réu multi-reincidente, impõe o seu
cumprimento, desde o início, no regime fechado.
c. O réu, reincidente ou não, condenado à pena de 8 (oito) anos
de reclusão, deverá, obrigatoriamente, iniciar o seu cumprimento no
regime fechado.
d. O réu, não reincidente e de bons antecedentes, condenado à
pena de 6 (seis) anos de reclusão, poderá, desde o início, cumpri-la
no regime aberto.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
Regimes prisionais Pelo conjunto de regra do art. 33 do CP,
tem-se que o sentenciado, não-reincidente, com pena menor que quatro
anos poderá iniciar o cumprimento da pena em regime aberto. A
fixação do regime é influenciada por dois fatores principais: a) a
espécie e quantidade de pena imposta (art. 33, § 2º do CP); e b) as
condições pessoais do condenado (art. 33, § 3º e 59 do CP). Diante
desses critérios, cabe ao juiz da sentença a fixação do regime
inicial, enquanto ao juiz da execução, a decisão sobre a progressão
ou a regressão do regime fixado, inicialmente. Em se tratando de
pena de reclusão imposta a réu não reincidente menor que quatro anos
cabe ao juiz aferir o início do cumprimento da pena, não
constituindo direito subjetivo do réu o início do cumprimento em
regime aberto tal como ocorre na pena de detenção nas mesmas
circunstâncias. Correta a alternativa a.
A pena de detenção (independentemente da reincidência) nunca será
iniciada no regime fechado, só podendo iniciar no regime aberto ou
semi aberto, o que não impede a regressão da pena para o regime
fechado (caput do art. 33 do CP).
Se a pena é de reclusão, há duas hipóteses em que o início do
cumprimento da pena não obrigatoriamente será no regime fechado,
podendo ser iniciada no semi-aberto (faculdade do juiz da sentença):
a) quando a pena for superior a 4 anos e menor que 8 e não houver
reincidência. b) se a pena for até 4 anos, havendo reincidência.
O que é não é possível ao sentenciado com pena de reclusão
superior a quatro anos e menor que oito é o cumprimento da pena em
regime aberto. Essa faculdade só existe para as penas até 4 anos
para sentenciados não reincidentes. Incorreta a alternativa c e
e.
Em síntese teremos: Reclusão Regime fechado obrigatório em dois
casos: - pena superior a 8 anos, independentemente da reincidência -
pena superior a 4 anos, reincidente Regime fechado ou semi-aberto
facultado: - quando a pena for superior a 4 anos e menor que 8 e não
houver reincidência. - facultado quando a pena for até 4 anos, para
o sentenciado reincidente. Regime fechado, semi-aberto ou aberto
facultado quando a pena for até 4 anos para o sentenciado não
reincidente. Detenção Regime semi-aberto única opção disponível
quando: - pena superior a 4 anos, independentemente da reincidência
- qualquer quantidade de pena quando o condenado for reincidente.
Regime aberto ou semi-aberto facultado - quando a pena for até 4
anos e não houver reincidência
38ª Questão:
Assinale a alternativa correta:
a. A condenação anterior, por crime, à pena de multa, não induz
reincidência.
b. Também, não a induz, a condenação à pena restritiva de
direitos.
c. O prazo depurador, de 5 (cinco) anos, que ignora a condenação
anterior, para efeito de reincidência, conta-se de respectivo
trânsito em julgado.
d. Na condenação, por atividade contravencional anterior, o prazo
depurador reduz-se à metade.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
Reincidência Art. 63 do CP: “Verifica-se a reincidência quando o
agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença
que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime
anterior”. O art. 63 do CP faz referência apenas à condenação por
crime anterior não distinguindo o tipo da pena a ser aplicada. Por
isso, haverá reincidência quando o agente tiver sido condenado à
pena de multa. As únicas condenações não consideradas para efeito da
reincidência são os crimes políticos e os crimes militares próprios.
Incorreta a alternativa a.
A pena restritiva de direito é pena que se aplica após a
condenação por pena privativa de liberdade. O agente de fato recebe
uma condenação privativa de liberdade que é substituída por uma pena
alternativa. Não há nenhum empecilho à configuração da reincidência
neste caso. Incorreta a alternativa b.
Art. 64 do CP: “Para efeito de reincidência: I – não prevalece a
condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão
ou do livramento condicional, se não houver revogação; II – não se
consideram os crimes militares próprios e políticos”. Pela simples
leitura do inc. I do art. 64, temos por incorreta a alternativa
c.
Reincidência na contravenção Segundo o art. 7º da LCP, o sujeito
será considerado reincidente quando, praticando uma nova
contravenção tiver contra ele uma sentença condenatória transitada
em julgado, por crime ou contravenção anterior e se entre a data do
cumprimento da pena e a infração posterior não tiver transcorrido o
prazo de cinco anos. Incorreta a alternativa d. Não há alternativa
correta para a questão, sendo a resposta a letra e.
39ª Questão:
Assinale a alternativa correta:
a. Nos crimes contra os costumes, de ação pública condicionada, a
prova da pobreza da vítima ou seus representantes, que legitima a
iniciativa do Ministério Público, deve acompanhar a denúncia.
b. A prova da pobreza, nas mesmas circunstâncias, não efetuada no
prazo de (seis) meses, da representação, obriga ao trancamento da
ação penal, por ilegitimidade ativa “ad causam”, do Ministério
Público.
c. A prova da pobreza, nas hipóteses mencionadas, pode ser
apresentada até a prolação da sentença.
d. A prova da pobreza, capaz de tutelar a iniciativa do
Ministério Público, deve ser necessariamente, documental, fornecida
pela autoridade policial.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
Atestado de pobreza da vítima nos crimes contra os costumes A
falta de atestado de pobreza não retira, do Ministério Público, a
legitimidade para propor a Ação Penal por crime contra os costumes.
A miserabilidade em questão é presumida, salvo prova em contrário. A
comprovação da miserabilidade jurídica da vítima independe de
documento formal, podendo ser efetivada via declaração verbal ou
escrita, ou pela notoriedade dos fatos. Os tribunais têm acordado
que é Inconcebível se exigir com rigor prova da pobreza da vítima,
que pode ser até mesmo presumida, diante das circunstâncias, vez
que, em caso contrário, o objetivo da lei restaria inócuo.
A falta de anexação do atestado de pobreza nos autos não causa
nulidade ab initio do processo, se demonstrada a incapacidade
financeira da vítima por outro meio de prova, inclusive, pela
notoriedade do fato. Não há preclusão da comprovação do atestado de
pobreza, seria o privilégio da forma sobre o direito material da
vítima em ter seu algoz punido pelo Estado. O prazo não coincide com
o da representação.
Temos então: a) o atestado de pobreza não precisa ser documental.
A pobreza pode ser presumida pela própria notoriedade dos fatos. b)
não há a necessidade de ser feita junto com a representação. Correta
a alternativa c.
40ª Questão:
Assinale a alternativa correta:
a. Os antecedentes, em face de condenação anterior, que ensejam a
reincidência, podem ser computados também, para o acréscimo da
pena-base.
b. Concorrendo, na aplicação da pena, uma circunstância agravante
e outra atenuante, esta será sempre preponderante, porque mais
benéfica para o réu.
c. O juiz não pode fixar a pena-base, acima do mínimo legal, sem
que examine obrigatoriamente, uma a uma, todas as circunstâncias
judiciais do art. 59, do Código Penal.
d. Os critérios previstos no art. 59, do Código Penal, tem uma
única finalidade, a fixação da pena-base.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
Circunstâncias judiciais e circunstâncias agravantes genéricas Se
a circunstância será utilizada como agravante genérica por restar
configurada a reincidência do crime, não pode este mesmo fato ser
utilizado como circunstância judicial na fixação da pena-base.
Incorreta a alternativa a.
Concurso entre as circunstâncias Havendo de uma ou mais
circunstâncias atenuantes juntamente com uma ou mais circunstância
agravantes, uma não eliminará a outra, não há uma correspondência
unívoca. O art. 67 do CP determina que algumas circunstâncias são
mais preponderantes que outras. São preponderantes os motivos
determinantes do crime, a personalidade do agente e a reincidência.
Dessa forma, se presente a circunstância atenuante de arrependimento
eficiente ou reparação do dano com a circunstância agravante da
reincidência preponderará esta. Incorreta a alternativa b.
Os elementos das circunstâncias judiciais serão alvo da análise
discricionária do julgador com vistas à fixação da pena base.
Incorreta a alternativa c.
Circunstâncias judiciais As circunstâncias judiciais não se
prestam apenas para a fixação da pena-base. O art. 59 serve como
parâmetro, por exemplo, para a concessão do sursis especial que
exige que as circunstâncias do art. 59 do Código Penal sejam
inteiramente favoráveis ao condenado (art. 78, § 2º, do CP). As
circunstâncias judiciais também são conferidas quando da
substituição da pena privativa de liberdade por uma pena
alternativa. Incorreta a alternativa d. A resposta para a questão e
a alternativa e.
41ª Questão:
Assinale a alternativa correta:
a. No crime de furto, a ausência de materialidade impede o seu
reconhecimento.
b. No mesmo crime, a não identificação do co-autor, não
denunciado, impede o reconhecimento da qualificadora do concurso de
agentes.
c. Impede o reconhecimento do delito, em questão, a posse efêmera
da res.
d. Em relação, ainda, ao mesmo delito, ocorre a desistência
voluntária, se o agente, após a consumação, deixa a res ao alcance
da vítima.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
Essa questão estava relativamente fácil. O crime de furto não se
caracteriza como crime material, em que o resultado é imprescindível
para a caracterização do delito. O agente pode invadir a residência,
embrulhar todos os objetos do furto e no momento em que levar
consigo os objetos, é surpreendido pela chegada dos habitantes, o
que motiva a fuga precipitada não levando nada consigo. Configurada
a tentativa do crime de furto. Incorreta a alternativa a.
Nada impede o reconhecimento da qualificadora, se comprovado que
o agente foi auxiliado por outros comparsas, mas que até o momento
da denúncia não foram identificados pelo Ministério Público.
Incorreta a alternativa b.
Quanto ao momento consumativo do crime há muita discussão. O STJ
tem se posicionado pela caracterização do crime, independente da
posse tranqüila, conforme a jurisprudência a seguir: “O delito de
furto, assim como o de roubo, consuma-se com a simples posse, ainda
que breve, da coisa alheia móvel subtraída clandestinamente, sendo
desnecessário que o bem saia da esfera de vigilância da vítima”
(RESP – 369816 - Processo: 200101289472 UF: MA Órgão Julgador:
QUINTA TURMA Data da decisão: 13/03/2002). Incorreta a alternativa
c.
O art. 15, 1ª parte do CP diz: “O agente que, voluntariamente,
desiste de prosseguir na execução...”. A desistência voluntária
ocorre quando o agente já tendo adentrado na fase de execução do
crime decide voluntariamente interromper sua conduta delituosa,
fazendo cessar os efeitos de sua conduta. Só é possível quando o
agente não tiver esgotado, não tiver produzido sobre o bem jurídico
a potencialidade lesiva que poderia produzir para chegar à
consumação do delito. Na desistência voluntária há uma interrupção
do momento consumativo do crime (iter criminis) em face da decisão
do agente em não querer dar continuidade à sua ação lesiva. A
alternativa d menciona, após a consumação. Se a consumação já se
completou, não há mais como reconhecer a desistência voluntária.
Incorreta a alternativa d.
Em face de nenhumas das alternativas anteriores estarem corretas,
a resposta para a questão 41 é a alternativa e.
42ª Questão:
Assinale a alternativa correta.
a. Para a consumação do crime de extorsão mediante seqüestro,
basta a arbitrária detenção da vítima, não se exigindo tenha o
agente obtida a vantagem almejada.
b. Frustrada a intenção do agente, por ação da Polícia, na
obtenção da vantagem, a anterior detenção da vítima, com aquele
objetivo, caracteriza apenas o delito de seqüestro e cárcere
privado, definido no art. 148, do CP.
c. Em relação ao mesmo delito, a hipótese é de tentativa, e não
de crime consumado, se após a arbitrária detenção da vítima, o
agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, não obtém o preço
do resgate pretendido.
d. Se o arrebatamento da vítima não foi precedido de violência ou
grave ameaça, o delito não se caracteriza, ainda que o agente tenha
obtido a vantagem.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
Essa foi a questão mais fácil da prova.
O elemento subjetivo especial do crime tipificado no art. 159 do
CP é a prática do seqüestro com o intuito de, através da exigência,
de auferir qualquer vantagem, como condição ou preço de resgate.
Trata-se de delito permanente (o momento consumativo se protrai no
tempo, enquanto durar o seqüestro). É também crime formal,
consuma-se com o simples ato de seqüestrar a pessoa, detê-la,
retê-la, independentemente da obtenção da vantagem, tendo em vista
que se trata de delito de intenção. O tipo não menciona que o
seqüestro da vítima tenha sido precedido de violência ou grave
ameaça, tornando-se irrelevante tal fato para a configuração do
delito. Assim temos que a alternativa correta é a alternativa a.
Colaboração de Cleonice Neves
e-mail para contato: cfjneves@yahoo.com.br.