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VALE A PENA ACREDITAR EM RELAÇÕES FALIDAS ?
Não quero defender as relações falidas e que só
fazem mal, nem estou sugerindo que as pessoas insistam em sentimentos
que não são correspondidos, em relacionamentos que não são recíprocos,
mas quero reafirmar a minha crença sobre o quanto considero válida a
coragem de recomeçar, ainda que seja a mesma relação; a coragem de
continuar acreditando, sobretudo porque a dor faz parte do amor, da
vida, de qualquer processo de crescimento e evolução.
Pelas queixas que tenho ouvido, pelas atitudes
que tenho visto, pela quantidade de pessoas depressivas que perambulam
ocas pelo mundo, parece que temos escolhido muito mais vezes o “nada”
do que a “dor”.
Quando você se perguntar “do que adianta amar,
tentar, entregar-se, dar o melhor de mim, se depois vem a dor da
separação, do abandono, da ingratidão?”, pense nisso: então você
prefere a segurança fria e vazia das relações rasas? Então você
prefere a vida sem intensidade, os passos sem a busca, os dias sem um
desejo de amor? Você prefere o nada, simplesmente para não doer?
Não quero dizer que a dor seja fácil, mas pelo
amor de Deus, que me venha a dor impagável do aprendizado que é viver.
Que me venha a dor inevitável à qual as tentativas nos remetem. Que me
venha logo, sempre e intensa, a dor do amor...
Prefiro o escuro da noite a nunca ter me
extasiado com o brilho da Lua...
Prefiro o frio da chuva a nunca ter sentido o
cheiro de terra molhada...
Prefiro o recolhimento cinza e solitário do
inverno a nunca ter me sentido inebriada pela magia acolhedora do
outono, encantada pela alegria colorida da primavera e seduzida pelo
calor provocante do verão...
E nesta exata medida, prefiro a tristeza da
partida a nunca ter me esparramado num abraço...
Prefiro o amargo sabor do “não” a nunca ter tido
coragem de sair da dúvida...
Prefiro o eco ensurdecedor da saudade a nunca ter
provado o impacto de um beijo forte e apaixonado... daqueles que
recolocam todos os nossos hormônios no lugar!
Prefiro a angústia do erro a nunca ter
arriscado...
Prefiro a decepção da ingratidão a nunca ter
aberto meu coração...
Prefiro o medo de não ter meu amor correspondido
a nunca ter amado ensandecidamente.
Prefiro a certeza desesperadora da morte a nunca
ter tido a audácia de viver com toda a minha alma, com todo o meu
coração, com tudo o que me for possível...
Enfim, prefiro a dor, mil vezes a dor, do que o
nada...
Não há – de fato – algo mais terrível e
verdadeiramente doloroso do que a negação de todas as possibilidades
que antecedem o “nada”.
E já que a dor é o preço que se paga pela chance
espetacular de existir, desejo que você ouse, que você pare de se
defender o tempo todo e ame, dê o seu melhor, faça tudo o que estiver
ao seu alcance, e quando achar que não dá mais, que não pode mais,
respire fundo e comece tudo outra vez...
Porque você pode desistir de um caminho que não
seja bom, mas nunca de caminhar...
Pode desistir de uma maneira equivocada de agir,
mas nunca de ser você mesmo...
Pode desistir de um jeito falido de se
relacionar, mas nunca de abrir seu coração...
Portanto, que venha o silêncio visceral que deixa
cicatrizes em meu peito depois das desilusões e dos desencontros...
Mas que eu nunca, jamais deixe de acreditar que daqui a pouco, depois
de refeita e ainda mais predisposta a acertar, vou viver de novo, vou
doer de novo e sobretudo, vou amar mais uma vez... e não somente uma
pessoa, mas tudo o que for digno de ser amado!
Rosana Braga
Escritora, Jornalista e Consultora em Relacionamentos Palestrante e Autora dos livros "Alma Gêmea - Segredos de um Encontro" e "Amor - sem regras para viver", entre outros. www.rosanabraga.com.br e Comunidade no Orkut |
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